5.11.07

O meu jardim


Numa tarde de domingo, sentei em meu jardim para pensar sobre a vida.

Mas era difícil fazer isso, porque tinha muita gente ao redor!

Fazendo barulho!

Correndo e gritando!

Pisando minhas flores!

Ocupadas com outras coisas que não o meu jardim, ou os pensamentos que lá eu cultivava...

Tomei então uma decisão: coloquei os barulhentos pra fora, mandei os pressurosos correrem em outro lugar e tirei de perto todos os que estavam preocupados o suficiente com o próprio umbigo a ponto de não ver que havia no mundo outras coisas, inclusive o meu jardim.

Pronto!

Ferramentas em punho, agora era só replantar tudo o que havia sido destruído. Não seria fácil, mas também não seria impossível.

E depois, aqueles que também cultivam seus próprios jardins e sabem olhar ao redor para ver que há outros por perto, viriam me visitar e admirar o que eu havia plantado. E eu poderia também, em paz e com tranqüilidade, admirar os jardins deles.

E o mundo seria um lugar muito mais bonito desse jeito.

O silêncio e o tempo

"É tão misterioso, o país das lágrimas!"

- Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe

-----------------------------------------------------

O silêncio às vezes pode ser virtude e trabalhar a favor do bem verdadeiro.

Às vezes pode ser omissão e permitir que o mal se perpetue.

Pode ainda ser expressão de corações que se compreendem sem precisar de palavras.

Mas o seu...
.
.
.
...o seu vem sendo fogo que arde sem consumir. Dor infligida sem merecimento, que insiste e persiste sem razão de ser.

Atitude típica de um coração egoísta, que prefere fugir a se abrir à necessidade de quem pede com as mãos estendidas e vazias de tudo, a não ser de esperança.

Mas vem a hora em que se deve juntar o que sobrou e seguir em frente. Ainda amando, é verdade, mas sem se prender ao que passou; torcendo para os estranhos caminhos do mundo e da vida permitirem que um dia nos encontremos novamente.

Assim, quem sabe, estaremos então preparados para finalmente compreender o que foi dito agora, e com isso construir um depois bem melhor.

Quem sabe...?

12.8.07

Tuts tuts tuts

Nada de poesias desta vez. Tem hora que cansa também. E depois de tanta paulada e pendengas pra resolver, nada como cair na farra pra poder aliviar as idéias. E, lógico, colocar tudo aqui depois. Ou talvez não.


Não sei como essas duas figuras, Cínthia e Pedro, me convenceram a fazer isso, mas o fato é que conseguiram. Me levaram pra uma festa de música eletrônica! A tal “Love, a festa do amor”. Se eu não fosse solteiro por opção (absurdo pra alguns, mas não estou nem aí!), até que poderia rolar alguma coisa, mas de qualquer modo não foi essa a intenção de nenhum de nós ao ir pra lá.


Cara, foi MUITO divertido! Desde a saída, onde o ponto de encontro foi a minha casa, até o final. Tá certo, eu demorei “um pouco” pra me aprontar e acabamos saindo duas horas depois do horário marcado. Mas até chegar lá ainda tivemos imprevistos como achar um estacionamento pago decente e um lugar que vendesse Ice. Resolvemos as duas coisas: estacionamos o carro num local apropriado para a gravação de lutas de monstros de séries japonesas (sério, ficamos com medo do Godzilla aparecer lutando com um robô gigante ou de um dinossauro surgir das sombras a qualquer momento) e compramos o Ice lá dentro da festa mesmo (foi caro, mas parecia que tinha acabado todo o Ice de todas as snack shops e mercados da cidade!).


Então, foi só dançar a noite inteira, ao som de muito trance, drum & base, techno e sei lá mais o quê. Ei, eu sou um iniciante, não vou lembrar o nome de tudo! Só sei que assim foi até quase o dia raiar, quando decidimos voltar pro estacionamento (uma caminhadinha de um quilômetro e meio não faz mal a ninguém, desde que você tenha pernas em condições de fazer isso, o que não era o nosso caso). E viva “Vianna Boy”, que buscou e levou todo mundo em casa de carro!!


Mortos de cansados, só nos restou chegar cada um em sua casa com o dia já claro, tomar um banho e dormir um bocado. Quando acordamos, foi um tal de todo mundo se comunicando por MSN pra saber se os outros estavam vivos depois desta noite.


Saldo da festa: nada de “Love” pra nenhum de nós (ninguém fez jus ao nome do evento, mas nem nos importamos, tínhamos combinado de ir só pra agitar os ossos mesmo), muita dança – especialmente free style, apropriado pra quem não sabe dançar nada, como o Pedro e eu – um cansaço brutal, pernas doloridas, e muita, mas muita diversão mesmo.


-------------------------------------


Agora, com licença da Bizzi, segue a sessão das frases da noite:

* “Leo, a essa hora já acabou o funk!!” (Cínthia, reclamando do meu atraso pra poder sair de casa);

* “Graças a Deus!” (eu respondendo pra Cínthia);

* “Os mercados 24h já fecharam com a sua demora!” (Cínthia, ainda reclamando do meu atraso e desesperada pra comprar Ice);

* “Cínthia, eu tô ‘tchutchuco’?” (Eu, enchendo o saco da Cínthia);

* “Tá, Leo, você tá ‘tchutchuco’!” (Resposta dela, quase me batendo);

* “Ah, garoto atrivido!” (com “i” mesmo; foi o senhor da banca onde o Pedro resolveu fazer um tererê no cabelo na manhã de sábado, antes da festa);

* “My lord!” (Pedro, me zoando por causa de uma piada interna que não vou postar aqui :P);

* “Se um beber do copo do outro, caem os dois mortos por causa do veneno.” (Pedro, referindo-se à nossa troca de gentilezas);

* “Como que ocê pode abandoná eu, se nóis foi sempre filiz?” (Leo e Cínthia cantando no mais puro "goianês"!);

* “O negócio é perder o medo do ridículo!” (Leo e Pedro combinando como iriam fazer pra aprender a dançar);

* “Perdendo a dignidade até o chão!” (Pedro, ora se referindo a mim, ora à Cínthia, querendo que descêssemos até o chão num passo que eu não consegui fazer de jeito nenhum!);

* “Show, show, show, show...” (Eu, querendo dar uma de go-go boy...);

* “Consegui! Fiz um passo que nem a Cínthia sabe!” (eu, empolgado, falando com o Pedro);

* “É, mas é mais rápido que isso que você fez, Leonardo!” (Cínthia, cortando meu barato);

* “Acorda!!” (Cínthia e Pedro querendo me animar quando eu mal tinha forças pra ficar em pé, às 5h30 da manhã).

Precisamos fazer isso mais vezes!

15.7.07

Escolhas (ou "Pra você, que eu amo tanto")

É preferível amar (e às vezes até sofrer um pouco por isso),
do que ser uma casca vazia de sentimento.

Quem é vazio planta para si, e colhe apenas solidão.

Quem se preenche do outro planta para muitos,
e colhe a verdadeira alegria e sentido de viver.

O que vai dentro de nós é o que realmente importa...

...e também a única coisa que sobra no final.
.
.
.
.
.
.
.
Entendeu agora?

9.7.07

A espera

Quando é que você vem? A espera cansa! Os dias se sucedem e o cansaço toma conta de mim.

Receio que seja hora de partir, mas eu não quero ir embora.

É sempre mais fácil chorar debaixo da chuva, porque ninguém percebe as lágrimas nem questiona o motivo delas...

3.7.07

O amor é assim

O amor não desaparece. Nunca.

Mesmo que esteja distante.

Pode até mudar de forma ou de intensidade. Pode ainda mudar de fonte ou objeto.

Mas nunca desaparece.

De algum modo, sempre haverá alguém amado por você, como sempre haverá alguém que te ame, mesmo que isso não seja percebido.

Nem sempre notado, mas o tempo inteiro presente.

O amor é assim.

Portanto, durma tranqüilo. Ele ainda estará lá quando você voltar.

2.7.07

Olha o céu!

Olha, olha o céu!

Gira, gira, muda e rodopia
e não é mais o mesmo.

É agora diferente do outro céu que vias
quando o mundo te parecia mais pesado e sombrio.

É verdade, depois da tempestade, vem sempre a calmaria...

1.7.07

Embriaguez

Eu pareço meio bêbado, mas na verdade estou triste. Há tanta coisa que eu queria te dizer, mas não posso.

E quando penso que posso, é quando eu gostaria de falar sobre as minhas tristezas, decepções e inseguranças, mas na maior parte das vezes alguma coisa acontece pra atrapalhar.

Uns chamariam de sina.

Eu chamo de azar.

Mas a oportunidade não somos nós que fazemos? Então, somos coniventes com a "sina", com o "azar" ou com o que quer que seja, ou estes são apenas os nomes que usamos quando queremos jogar em outra coisa a culpa de nossa próprio medo?

É algo a ser pensado... E ao pensamento deve-se seguir a ação.

Um monte de idéias jogadas ao acaso, com pouco ou quase nenhum sentido, e aquela sensação de que está faltando algo.

O fio da meada perdido.

No texto. Na vida.

E, mais uma vez, eu pareço meio bêbado... mas na verdade é apenas tristeza.

De volta!!

Olha eu aqui de novo! Tanta correria nas últimas semanas e facilmente já se vão mais de dois meses sem atualização nenhuma. Esta cabeça tem muita coisa pra contar ainda, e resolvi colocá-la pra funcionar novamente. Idéias, opiniões, sentimentos, racionalizações, pensamentos e mais aquele monte de coisas lá... não necessariamente nesta mesma ordem!

21.4.07

Um dia de Murphy...

Aff!! Graças a Deus chegou a sexta-feira e agora que passou toda a correria da semana dá pra postar algo decente aqui, e com calma.

Vou apenas relembrar um verdadeiro "dia de Murphy" que tive anteontem, pra mostrar que realmente é possível haver dias em nossas vidas em que absolutamente TUDO pode (e vai!) dar errado.

Quarta-feira acordei mal. Mal a ponto de perceber que não poderia ir pro trabalho. Decidi então ir ao hospital do Guará buscar atendimento e um atestado, pra não meterem a faca e arrancarem uma fatia do meu salário no mês que vem pela falta deste dia. Cheguei no hospital exatamente às 7h05, jurando que estava com sorte por ter apenas seis pessoas na minha frente. Ledo engano... Fiz minha ficha e fui esperar o ÚNICO médico do local terminar o atendimento com os internados, pra que pudesse ver as pessoas que estavam dando entrada no pronto (ou não tão "pronto" assim) socorro.

Realiza: esperei até 12h25, numa fila que apenas crescia (entenda-se: todos os idosos e pessoas com atendimento prioritário da cidade resolveram passar NA MINHA FRENTE neste dia) e acabei indo embora sem atendimento. Pelo menos a espera teve um saldo "positivo" (adoro aspas, são as melhores amigas da ironia!), pois descobri um chá que curaria meu mal: o chá de cadeira!! Depois de cinco horas e meia esperando, eu nem tava mais tão mal assim!! E, pra completar, não consegui o atestado! Ou seja, vão garfar uma parte do meu minguado ordinário no mês que vem. Paciência...

Resolvi então cuidar do trabalho de Fotografia que tinha que fazer. Uma parte eu já havia providenciado: a câmera e o filme. E como a maioria dos brasileiros, eu deixei este trabalho pra última hora. Tinha que pensar na composição da cena, providenciar o material e aprender a mexer com a câmera!! Ainda bem que o Pedro, que por sinal também é o dono da câmera que estou usando, se dispôs a me ajudar.

Providenciei tudo que precisava e fui de moto até a Igreja, onde deixei a Andrea (é o nome da minha moto, algum problema?) estacionada, e peguei um ônibus pro Plano. É, eu fiz isso mesmo! Afinal, se a polícia me pega circulando por aí sem habilitação, a Andrea dança e eu também! Chegando ao Pátio Brasil, onde tinha combinado com o Pedro de nos encontrarmos, decidi com ele que antes de tirar as fotos iríamos atrás de umas coisas que precisávamos, inclusive um livro que eu tinha que comprar. Foi aí que tive minha terceira surpresa desagradável do dia, ao constatar que o livro que eu procurava estava 15 "legais" mais caro que há duas semanas!! Procuramos até no Parkshopping, mas nem lá estava mais barato. Como eu tinha que comprar naquele dia sem falta, acabei pagando mais caro, mesmo doendo um pouco no bolso...

Ao sairmos do shopping pra tirar a foto, cadê que tinha sol?!? A luz natural necessária pra composição tinha ido embora!!! Ainda eram por volta de 16h30, mas o céu estava "magnificamente" nublado...

O Pedro e eu aproveitamos então pra mexer com as funções da câmera dele, que eu ainda desconhecia. Só então percebi que a câmera analógica pode parecer ultrapassada, mas só pra quem não conhece nada de fotografia! Se não fosse esse aprendizado, eu teria uma tarde inteira perdida.

Como desgraça pouca é bobagem, quando eu voltava para o Guará numa lotação que fazia jus ao nome, indo pra Igreja pegar a moto, o céu resolveu desabar numa espécie de revival do dilúvio! Resultado: não sou baleia, mas fiquei encalhado na Igreja esperando a chuva passar.

Já que sou meio elétrico, não quis ficar parado, e resolvi ir atrás de alguém que pudesse me emprestar uma luminária pra eu poder ensaiar em casa, com luz artificial, as fotos que tentaria tirar no dia seguinte. Recorri à Sara, que me disse ter uma lanterna, mas que estava sem pilhas. Combinei com ela que, assim que a chuva passasse, eu iria de moto até minha casa pegar umas pilhas e passaria então na casa dela pra pegar a lanterna, assim ela poderia me dar uma força. O detalhe é que, pra fazer isso, eu estava perdendo a aula do curso que faço nas quartas à noite na Paróquia, mas como já não tinha ido pro trabalho de manhã nem pra faculdade à tarde, achei que a coisa não poderia piorar mais.

E foi assim que, tendo parado de chover, eu me dirigia pra minha casa, quando uma trepeça que dirigia um ônibus colou na traseira da minha moto. Claro, eu dei passagem para o graúdo, porque não queria virar pizza, mas quando passou o maldito ônibus levantou uma enorme onda de água suja que veio direto pra cima de mim!! Só deu tempo de fechar a boca (tenho mania de andar com a viseira do capacete aberta, então até minha cara ficou molhada...). O mais incrível é que nem me irritei, apenas sussurrei um "filho da p..." (é, nessas horas não dá pra segurar!), mas mantive a calma. E, no fim das contas, o fato foi positivo, pois alegrou vários corações: dos passageiros do ônibus que viram tudo e se mijaram de rir. Quanto a mim, eu apenas fiz um gesto do tipo "É, né, fazer o quê?", e segui meu caminho.

Ao chegar em casa, todo encharcado e com um dia nada rentável, a única frase que me vinha à mente depois do banho forçado era: "Ah, deixa pra lá, o que é um peido pra quem tá cagado?". E também encarei o fato como um sinal claro de que eu não deveria ter saído da cama naquele dia. Liguei pra Sara pra desmarcar o esquema da lanterna e fiz então o que deveria ter feito desde a manhã, isto é, tomei um bom banho e fui ficar quieto no meu canto. Ainda bem que não faltou luz nem caiu um raio no meu prédio, e eu pude assim ter um merecido descanso.

Depois de tudo isso, alguém ainda duvida que haja dias que sejam realmente "de Murphy"?

11.4.07

Não basta sentir...

"Quando eu amo, eu devoro todo o meu coração
Eu odeio, eu adoro, numa mesma oração..."

- Chico Buarque, Baioque

Quando amar, deixe que a pessoa amada saiba disso, dizendo claramente a ela. Amar e não dizer é matar o amor em um de seus aspectos mais humanos: a comunicação verbal. Palavras podem destruir, mas também expressam aquilo que de mais belo vai no coração dos homens.

Quando amar, deixe que a pessoa amada saiba disso, mostrando claramente a ela. Amar e não demonstrar através de atos é matar o amor em um de seus aspectos mais humanos: o agir em favor do outro. Ações podem destruir, mas também expressam aquilo que de mais belo vai no coração dos homens.

A quem você ama? Seus pais? Seus filhos? Seus irmãos, parentes, amigos?

Já deixou isso claro para eles hoje?

26.3.07

Diazinho de lascar, mas com coisa boa também.


A segunda-feira foi de lascar! Ainda não me recuperei da falta de sono de sexta para sábado, e passei quase todo o expediente dormindo!

Pelo menos, isso compensou um pouco, e consegui assistir as aulas na faculdade sem pregar os olhos (ei, isso é um grande feito pra quem dormia em TODAS as aulas até dois semestres atrás!).

Meu amigo Kauê chegou da China, mas não nos vimos hoje. Pena.

Encontrei o Henrique na faculdade, e perguntei se ele não gostaria de dar uma olhada num texto que produzi e que talvez tivesse potencial pra ser musicado. Ele topou. Na verdade, o tal texto é o último post aqui embaixo, sobre as tais "paredes nuas". Já pensou se o negócio vingar?

E, à noite, acabei percebendo que o tempo passa muito mais rápido quando estou em casa me divertindo do que quando estou no trabalho atendendo os clientes. É a "lei da relatividade" ferrando com meu descanso...

Fazer o quê, né?

25.3.07

Pode não parecer, mas a autoria é minha!

Hoje eu cheguei em casa
e você não estava lá
Encontrei apenas paredes nuas
Suas

Tão suas

Mas que denunciavam o vazio
que era tão meu
(Eu)

É o mesmo que estar sem alguém em meio à multidão
Caminhar pela calçada da vida
Cuidar de cada ferida
Celebrar cada alegria (alegria?)
As coisas pequenas do dia a dia
Tendo apenas a mim

Eu e eu mesmo

"O casamento perfeito", diriam alguns
Será?

A certa altura, não dá mais pra se importar

Então, resta apenas chegar em casa e encontrar paredes nuas
Nuas
Suas
Sempre e sempre tão suas...

24.3.07

Melancia e a descoberta do preço da felicidade...


Acabei de comer metade de uma melancia! E o mais incrível de tudo é que com isso descobri algo de que já tinha ouvido falar havia tempo, mas que agora experimentei: que a verdadeira felicidade consiste nas coisas pequenas! Parece estranho ou até mesmo clichê, mas logo vai fazer sentido.

Quem me conhece bem, sabe de algumas posturas referentes à vida que me são muito peculiares. Poderia citar exemplos, mas não acho que seja a hora apropriada, ou então iremos viajar por um looooongo tempo aqui e não chegaremos a lugar nenhum. Então, de volta à realidade e à melancia!

Eu dizia que descobri algo interessante ao comer melancia hoje. Aconteceu na casa do meu afilhado Flávio, cuja família costumo visitar toda sexta. Cheguei lá e, como de costume, fiquei no quarto do computador conversando com ele à medida que o pessoal da casa ia chegando. Às vezes, quando estou meio chateado, dou uma passada lá, porque ali ninguém me enche o saco nem cobra coisa alguma, então é perfeito pra aliviar a mente, além do fato de eu estar com um pessoal de quem gosto muito.

O lance da melancia não foi nada demais, foi apenas algo trivial, quase bobo. Eu havia acabado de ensinar o Daniel , irmão do meu afilhado, a fritar ovos pra gente comer com pão (fala sério, vai dizer que nunca fez isso?), e estávamos à mesa comendo e olhando aquela metade de melancia que deixamos ali para depois. Foi tão natural, terminar o lanche e comer a “sobremesa”.

Só que eu adoro melancia… aliás, “adoro” não, ADORO com letra maiúscula mesmo!!

Eu já estava feliz só pelo fato de estar ali, descansando, fazendo algo de útil (claro, um dia o Daniel pode precisar fritar um ovo sozinho, então já vai saber como!) e numa boa, e ainda me aparece aquela suculenta e doce melancia à minha espera... eu não podia querer mais! Começamos a comer a tal melancia, Daniel e eu. Logo o Flávio sentou-se à mesa pra jantar. Detalhe: eram quase 11 da noite! E à medida que comíamos e conversávamos, vi a melancia diminuir, diminuir, diminuir… e tudo apontava para o seu completo desaparecimento se algo não mudasse naquela situação. Mas ainda bem que nada mudou!

Em determinado momento, fiz um comentário com meu afilhado: “É, aqui estou eu, Leonardo, a visita que nunca vai embora, quase às 11 horas da noite, detonando a melancia de vocês.” E acrescentei: “Bom, amanhã eu trago outra aí pra gente”. Imediatamente, minha mente formulou uma cena: eu entrava na rua com uma melancia debaixo do braço, quando algum vizinho dali me perguntava “Ei, aonde vai com essa melancia?”, ao que eu respondia “Vou levar pro povo daquela casa ali, porque ontem à noite eu detonei a melancia deles!”. Ao imaginar isso, tive um acesso de risos como há muito não tinha, e comecei a tentar falar sobre esse pensamento para os meninos, mas as risadas não deixavam e eu começava a babar melancia! A piada (será que podemos chamar assim?) nem teve tanta graça, mas eles começaram a rir da minha risada. Isso alimentou ainda mais a graça que só eu via na história, e acabou durando uns bons minutos.

Como eu disse antes foi algo trivial, quase bobo. Isso se olharmos apenas com o olhar exterior.

Às vezes, o Daniel me pergunta por que fico rindo à toa. É algo que faço espontaneamente, quando estou numa situação descontraída, não importa em que ambiente seja. Neste caso, ao rir tanto, lembrei que não interessava quanta coisa difícil eu poderia estar passando ou quanta coisa boa eu poderia estar conquistando, seja no âmbito universitário ou profissional... o que importava eram estes momentos de riso solto.

Não falo necessariamente de rir a ponto de babar melancia, mas simplesmente de rir espontaneamente, ou apenas sentir a alegria interior pulsar a ponto de transbordar pelos olhos e poros, indiferente a todos os percalços da vida.

Imediatamente, lembrei das pessoas que passam a vida inteira atrás da felicidade, e frustram-se ao fim de tudo por não encontrá-la. E me veio, de algum recesso escondido de memória, uma história que conheci ainda na infância, sobre alguns mortos que conversavam a respeito da vida que tinha levado na Terra. Um deles, muito tolo, perguntava aos demais: “Vocês encontraram a felicidade que eu procurei, sem êxito, por toda a minha vida?”. Um dos outros fantasmas, sabiamente, respondia em nome de todos: “A felicidade, felicidade mesmo, não. Nós tivemos momentos felizes, e isso foi o que mais importou”.

Momentos como o de comer uma melancia e rir a ponto de babar. Como conversar com novos amigos na sacada de um apartamento, degustando um bom vinho e contemplando o céu. Como despedir-se de um amigo que parte para o exterior sem ter nada de que se arrepender depois de uma amizade de anos. Como tentar fazer a diferença pra melhor de um modo, e ver que tudo deu certo de outro modo totalmente diverso, mas em razão do mesmo esforço originário. Como descobrir em alguém que mal se cumprimenta no dia a dia um amigo verdadeiro com muitas afinidades. Como aproveitar uma pequena pausa do expediente pra almoçar com alguém que não se vê há muito tempo. Como estar ao lado de quem se ama pra fazer de tudo, ou simplesmente não fazer nada.

É nisso que consiste a felicidade neste mundo: não em um eterno e ininterrupto bem estar, mas sim em ter momentos felizes tão significativos que acabam por tornar-se o cimento de nossas vidas. Muitos falam em construir bases sólidas pra viver, e não estão errados, mas por vezes esquecem-se do que sustenta o restante da estrutura. Que cuidemos pra que isso não nos aconteça, e que ao fim de tudo possamos fazer eco ao que os mortos sábios disseram ao tolo: “Nós tivemos momentos felizes, e isso foi o que mais importou.”

23.3.07

Manifesto (se é que se pode chamar assim...)


Decidi criar este blog a fim de partilhar, de maneira mais acessível e ampla, aquilo que vai dentro da minha cabeça com o resto do mundo. No fim das contas, é pra isso que serve um blog, oras!

Acontece que "o resto do mundo" inclui um monte de gente, é óbvio! Mas devo lembrar que, pra mim, o que mais interessa é que as pessoas mais próximas leiam e comentem, porque entenderão melhor seu conteúdo. Ou não. Porque esta é outra função de um blog: divulgar idéias, pensamentos e reflexões, novos ou não, com sentido ou não, ponderados ou não... e algumas vezes até mesmo responsáveis ou não!

Quero que aqui seja um lugar onde minha palavra corra solta, onde venha ler quem tiver prazer em saber o que se passa nessa fábrica de idéias, aspirações e sonhos que é minha alma! Poderia até dizer "minha cabeça" de novo, mas pensando bem acho que é na alma, naquilo que temos de mais eterno e duradouro, que nascem as idéias que são o movente de nossa existência.

E ler o que está aqui não quer dizer concordar com tudo o que digo, longe de mim!! Se você pensa como eu, seja bem-vindo. Se não, seja bem-vindo do mesmo jeito!

Leia, elabore, reelabore, comente e discuta. Troque idéias. TROQUEMOS idéias. Afinal, certa vez, alguém disse que viemos e partimos do mundo sozinhos, mas o que passamos entre o começo e o fim, o tempo que convivemos, partilhamos e aprendemos, JUNTOS, é tudo que faz nossa vida valer a pena.